Mielite Transversa
Em modelos experimentais de LMA em animais, a eletroacupuntura tem demonstrado possuir umasérie de efeitos fisiológicos positivos no local da lesão espinhal (DORSHER & MCINTOSH, 2011).7.1
Proteínas produzidas por eletroestimulaçãoA eletroacupuntura (EA) produz redução nos níveis de proteína glial fibrilar ácida na medulalesionada, uma proteína presente principalmente nos astrócitos e que é responsável por promover amultiplicação destas células. Ao inibir sua produção, ocorre redução na taxa de mitose destas células,prevenindo a produção da cicatriz glial no local da lesão (YANG et al., 2005 e PENG et al., 2007). Aprodução reduzida de receptores de fatores de crescimento epidermais também favorece aminimização das cicatrizes (PENG et al., 2007).Observa-se também a redução na produção de radicais livres (WU et al., 2002) e a menor expressão deaquaporina (AQP-4) (HAN et al., 2005), o que reduz a ocorrência de edema secundário ao danomedular. POLITIS & KORCHINSKY (1990) constataram que a EA reduz a atrofia da medulaespinhal após lesões induzidas cirurgicamente em animais, além de reduzir também a resposta deestresse destes animais medida por meio dos níveis de cortisol sérico.
O estímulo de eletroacupuntura aumenta o potencial de regeneração medular também por aumentar osníveis de expressão de laminina (ZHU, 2002). MENEZES e colaboradores (2010) estudaram o efeitoda administração local de um polímero de laminina exógeno na reparação medular de ratossubmetidos à LMA por compressão via catéter subaracnóideo em T7. Os animais tratadosapresentaram recuperação motora significante dos membros em relação ao grupo controle a partir de 2semanas após o tratamento.WU et al. (1999) reportaram que a acupuntura reverte a elevação da acetilcolinesterase e succinatodesidrogenase no corno ventral da medula espinhal com LMA experimental, o que pode inibir oatrasar a deterioração (e possivelmente promover a recuperação) dos corpos celulares do cornomedular.Um estudo realizado por LI e colaboradores (2010) demonstrou a produção de 15 proteínasdiretamente na medula espinhal de ratos que sofreram transecção completa de T10 e foram tratadoscom eletroacupuntura por 3 semanas. Os pontos estimulados que apresentaram os resultados maissignificantes foram VG6 e VG9, com 60 Hz, corrente < 1 mA, por 20 min, diariamente. Das proteínasidentificadas, destacam-se a ANXA5 e a CRMP2, além de PEBP1, HSPB1, FTH1, HSPB1, ANXA3,FRIL1, SEPT2, MOES, TRFE, LAP3, CRYAB e RAN, todas presentes em maior concentração nogrupo tratado com EA e que estão diretamente relacionadas com a modulação da inflamação, adesão emigração celular, transdução de sinal e apoptose. A ANXA5 é uma proteína com efeitos
33antiinflamatórios, que atua por meio da inibição da fosfolipase A2. A CRMP2 é o elemento centralque envolve o crescimento axonal e direciona o processo de transdução de sinal que permite que osaxônios cresçam nas direções corretas (LI et al., 2010).7.2
Liberação dos opióides endógenosA eletroacupuntura de baixa frequência (2 Hz) estimula a produção de met-encefalina e
-endorfina nosistema nervoso central, cujo efeito analgésico pode ser bloqueado pela naloxona (MA, 2004). Aeletroestimulação de média frequência (15 Hz) produz tanto met-encefalina e
-endorfina quantodinorfina e a alta frequência (100 Hz) produz somente dinorfina (HAN, 2004). Os efeitos da dinorfinanos neurônios medulares e glia são complexos, as dinorfinas podem ter ações neuroprotetoras ou pró-apoptóticas dependendo da quantidade de receptores opióides tipo
kappa
expressos ou daconcentração de dinorfina liberada (HAUSER et al., 2005). Níveis excessivos de dinorfina na LMAcontribuem para a hiperalgesia bem como para a excitotoxidade dos neurônios e da glia enquanto quequando liberada em concentrações fisiológicas, apresentam efeito analgésico e neuroprotetor nascélulas da medula espinhal (HAUSER, 2005).AFigura 7apresenta um resumo geral dos efeitos da eletroacupuntura sobre as lesões da medulaespinhal.
Eletroacupuntura:
Dimunui cortisol
Diminui estresse
Aumenta met-encefalina eb-endorfina (2 Hz)
Analgesia
Aumenta dinorfina (100HZ)
Excitotoxicidade paraneurônios e glia
Diminui proteína glialfibrilar ácida e fatores decrescimento
Diminui formação decicatriz glia
Diminui RL's e aquaporina
Diminui edema
Aumenta lamininaaumenta regeneração neuronalaumenta fosfatase ácida,
Diminui acetilcolinesterase esuccinato desidrogenase
Aumenta a sobrevivência neuronal
Aumenta ANXA5inibe forsfolipase A2
Aumenta CRMP2estimula e direciona o crescimento axonal
PEBP1, HSPB1, FTH1,HSPB1, ANXA3, FRIL1,SEPT2, MOES, TRFE, LAP3,CRYAB e RAN
Inflamação, adesão emigração celular
Transdução de sinal eapoptose